Retirei este pequeno texto da apresentação do livro de
Julian Assange, Cypherpunks - Liberdade e o futuro da Internet:
"Todos sabem que os recursos em petróleo regem a geopolítica global. O
fluxo do petróleo determina quem é dominante, quem é invadido, quem é
posto em ostracismo fora da comunidade global. O controle físico sobre
um segmento de oleoduto define maior poder geopolítico. Governos que se
ponham nessa posição podem obter concessões gigantescas. Num golpe, o Kremlin pode condenar a
Europa Oriental e a Alemanha a um inverno sem calefação. E até a
possibilidade de Teerã controlar um oleoduto para o leste, até Índia e
China, é pretexto para a lógica belicosa de Washington.
Mas o
novo grande jogo não é a guerra por oleodutos. É a guerra pelos dutos
pelos quais viaja a informação: o controle sobre as vias de cabos de
fibras óticas que se espalham pela terra e pelo fundo dos mares. O novo
tesouro global é o controle do fluxo gigante de dados que conecta todos
os continentes e civilizações, conectando as comunicações de bilhões de
pessoas e empresas.
Não é segredo que, na Internet e no
telefone, todas as rotas que entram e saem da América Latina passam
pelos EUA. A infraestrutura da Internet dirige 99% do tráfego que entra
e que sai da América do Sul por linhas de fibras óticas que atravessam
fisicamente fronteiras dos EUA. O governo dos EUA não mostrou qualquer
escrúpulo quanto a quebrar sua própria lei e plantar escutas
clandestinas nessas linhas e espionar os seus próprios cidadãos. Todos
os dias, centenas de milhões de mensagens de todo o continente
latino-americano são devoradas por agências de espionagem dos EUA, e
armazenadas para sempre em armazéns do tamanho de pequenas cidades. Os
fatos geográficos sobre a infraestrutura da Internet, portanto, têm
consequências sobre a independência e a soberania da América Latina (...)"
"(...) O problema também transcende a geografia. Muitos governos e militares
latino-americanos protegem seus segredos com maquinário de criptografia.
(...) Mas as empresas que vendem esses equipamentos e programas caros
mantêm laços estreitos com a comunidade de inteligência dos EUA. Seus
presidentes e altos executivos são quase sempre matemáticos e
engenheiros da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) capitalizando
as invenções que eles mesmos criaram para o Estado de Vigilância. (...)
Esse equipamento é vendido para a América Latina e outros países como
útil para proteger os segredos do comprador, mas são, de fato, máquinas
para roubar aqueles segredos (...)"
"(...) Os EUA não são os únicos
culpados. Em anos recentes, a infraestrutura de Internet de países como
Uganda tem recebido grandes investimentos chineses. Gordos empréstimos
chegam, em troca de contratos africanos para que empresas chinesas
construam a espinha dorsal da infraestrutura de Internet ligando
escolas, ministérios do governo e comunidades ao sistema global de fibra
ótica (...)"
"(...) A África vai-se conectando online, mas com máquinas
vendidas por potência estrangeira aspirante ao status de superpotência. A
Internet africana será o meio pelo qual o continente continuará
subjugado no século 21?"
Fica a minha pergunta: e no Brasil? Quando vamos
ter um Marco Civil da Internet? O debate está no Congresso Nacional
desde 2009, mas precisa tomar conta das redes sociais e também das ruas.
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