“É
preciso estar atento e forte,
Não
temos tempo de temer a morte...”
Caetano Veloso
Os
nossos direitos seguem ameaçados. No entanto, com as mobilizações de rua e os novos
acontecimentos, como a delação da JBS e a pressão sobre Temer, o povo está aprendendo
sobre o funcionamento dos lobbies das
grandes empresas nacionais e internacionais no Congresso Nacional e também nos
tribunais. Por isso, precisamos permanecer atentos e fortes, pois as horas e
horas de notícias negativas nos principais meios de comunicação estão revelando
a trama, mas também podem deixar uma parte da população ainda mais descrente e perplexa.
O
fato é que, com o fim do pacto político, representado pelo processo de impeachment da presidenta Dilma, deu
início a uma guerra contra os movimentos sociais e, principalmente, contra o PT
e o ex-presidente Lula. O país entrou numa fase de intensas batalhas econômicas,
políticas, jurídicas, psíquicas e culturais, de abrangência nacional e internacional.
Milhares de empregos foram perdidos, o Congresso ficou nu aos olhos do povo, os
juízes e procuradores se destacaram na cena política, aumentou a venda de
Rivotril e as baixarias invadiram as redes sociais etc., etc., etc. As redes de
televisão, rádios, jornais e algumas revistas semanais, a mando dos seus
patrocinadores, não pouparam esforços para atacar quem denunciava o golpe, pois
queriam defender e ampliar ainda mais os seus privilégios.
A
grande mídia foi cooptada pelo bloco golpista à base de muito dinheiro público.
E, mesmo assim, na adversidade, surgiram diversos movimentos sociais que
ocuparam escolas, praças, esquinas e, depois, as ruas, com ou sem o apoio dos
partidos, para defender os interesses dos trabalhadores e das camadas
exploradas e excluídas da sociedade.
Esse
período de resistências jamais pode ser esquecido por quem ainda não perdeu a
capacidade de sonhar. Vejam que em 2017 os ventos favoráveis à resistência
popular sopraram muito mais fortes do que no ano anterior: no dia 8 de março,
por exemplo, as mulheres e os homens do mundo inteiro fizeram grandes
manifestações contra o preconceito e a exploração das mulheres. No dia 15 de
março, ocorreram atos no interior do país e nas capitais contra a perda de
direitos. E no dia 28 de abril, os movimentos
sociais, as centrais sindicais e indivíduos de vários matizes ideológicos e
partidários realizaram a maior Greve Geral da história do país, dando
uma clara demonstração de unidade em torno das
pautas contra o desmonte da previdência pública e em defesa da CLT. Depois ainda
houve o dia 10 de maio em que o Partido dos Trabalhadores, o MST, o MTST e a
CUT demonstraram uma imensa capacidade de unidade e mobilização, quando
militantes vindos das mais distantes regiões do país ocuparam a cidade de
Curitiba para dar apoio à maior liderança popular que o Brasil já teve: o Lula.
Ainda em maio, tivemos aquela grande
manifestação em Brasília, e no dia 28 um grande ato-show por Eleições Diretas
Já!, com a participação de Caetano Veloso, Wagner Moura, Criolo, Martinália,
Maria Gadú, Teresa Cristina, Mano Brown, BNegão, Daniel de Oliveira, Sophie
Charlotte e Milton Nascimento.
O
filósofo Antonio Gramsci diria que nós estamos entrando numa nova fase da
guerra de movimento e da guerra de posição. E o
poeta Paulo Leminski completaria dizendo que: “En la lucha de clases todas las armas son buenas, piedras,
noches, poemas...” Por isso,
e também por isso, não podemos cair na tentação de uma guerra puramente
ofensiva, sem recuos, reflexões e celebrações nas cidades brasileiras.
Vejam que as forças conservadoras recuaram
e só se ouve falar nelas no Governo (que tem 95% de desaprovação), no Congresso
(que está totalmente desacreditado), nas redes sociais (ninguém duvida que
sejam robôs e/ou pessoas contratadas) e em alguns meios de comunicação, como a
Rede Globo, a Band, o SBT, a Veja e as rádios regionais. Fora isso, parece que os(as)
patos(as) dispersaram ou "amarelaram" de vez!
Já
se ouve falar até em divisões entre o Ministério Público, o STF e a Lava-Jato,
e também entre o Senado e a Câmara dos Deputados. O fantasma do Teori Zavaski paira
sobre Brasília, enquanto aumenta a força nas ruas, nas fábricas, nas escolas,
nas universidades, nas igrejas e nas famílias brasileiras.
Por
seu lado, Temer e Aécio, pegos recentemente
– com provas - no mega esquema da JBS, estão em situação muito complicada. No
entanto, mesmo com toda essa divisão do bloco golpista, Temer bate na mesa e afirma
que não irá renunciar. Vejam que, diferentemente da Dilma, ele enfrentou os
protestos em Brasília com a cavalaria, baionetas, gás lacrimogênio, balas de borracha e até com balas
letais. A Rede Globo, junto com os lobbies,
segue forçando as negociações “pelo alto” até tirá-lo do cargo e providenciar
um sucessor que seja capaz de aprovar as reformas anti-povo e estancar a
Operação Lava-Jato. Dizem que Aécio bebe, articula e chora desesperadamente,
pois ele sabe que pode “ser comido”, como foi o Eduardo Cunha.
Mas
se engana quem pensa que esta guerra será apenas "uma marolinha"!
Recém estamos entrando na fase mais delicada e extrema da nova luta de classes,
em defesa dos direitos do povo. É hora de escolher as melhores armas! As redes
sociais, os blogs, o diálogo franco e o amplo esclarecimento sobre o que está
em jogo fazem parte das nossas principais tarefas de mobilização e organização
para os próximos atos-shows e manifestações.
Precisamos
aprender a respeitar o tempo das pessoas e das organizações. A sabedoria está
em adaptar os nossos desejos às atividades que existem no mundo real, e
permanecermos dispostos(as) a acumular mais forças para prosseguir em frente.
Se o futuro ainda é incerto, a paciência e a perseverança revelarão quem está
junto conosco nos momentos decisivos.
Ainda não sabemos se Temer renunciará antes do
julgamento da ação movida contra a chapa Dilma-Temer pelo STF. Cada semana será
uma batalha diferente, e qualquer das alternativas também pode significar uma
jogada do PSDB, do PMDB e do DEM e seus lobistas para evitar eleições diretas e
aprovar as medidas impopulares. Neste momento da disputa, a grande maioria dos
deputados e senadores dos partidos de esquerda está atenta e forte, mas ainda
existem alguns vacilantes, principalmente os do chamado “Centrão”, pois eles sabem
que jamais serão perdoados se votarem por eleições indiretas.
A
hora é de união e não de divisão! Não podemos alimentar criticas às cores da bandeira
que uma agremiação resolveu levar para as ruas. Uma, porque a luta atual não
passa exclusivamente pelos partidos políticos. Outra, porque a Greve Geral do dia
28 de abril nos apontou o melhor caminho: as pautas defendidas mobilizaram e unificaram
diversos setores da população. Além disso, ela tocou na parte mais sensível dos
golpistas – o capital – e apontou para a possibilidade de formação de uma ampla
frente política no Brasil, para além dos partidos.
–
Ah, mas o Lula devia ter combatido a Globo quando ele teve a oportunidade e não
o fez - reclama um. O outro desabafa: – As políticas do governo Dilma estavam
equivocadas! E ainda tem aquela outra que defende: – A Lava-Jato é a solução
para acabar com a corrupção no Brasil! Essas pessoas preferem morrer com a
razão a escutar as ruas e a somar mais e mais esforços... Digam para elas que se
perdermos as ruas, não há dúvidas de que virá uma nova ofensiva da Rede Globo e
dos seus conhecidos aliados.
É
hora das esquerdas se unificarem em torno de um projeto para o país, que inclua
as pautas da previdência pública e da CLT, além da reforma política, dos juros
e do Pré-Sal, entre outras. Mas também já está mais do que na hora de elas
preservarem as lideranças que não cometeram crimes e de defender um julgamento
justo para todos os suspeitos. As novas e antigas lideranças precisam mostrar
maturidade política e contribuir nessas complexas tarefas.
Nesta
nova fase da guerra de movimento e de posição, é preciso construir juntos e também
celebrar os avanços obtidos. Percebam que os gritos de #ForaTemer”, #DiretasJá e
#EmDefesaDosNossosDireitos já não estão restritos aos tradicionais grupos da
esquerda brasileira. E isso é muito bom para o campo democrático e popular avançar
ainda mais!
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