Voar como um bando de pássaros...




         Vivemos um tempo em que as informações e o conhecimento quebram distâncias, revelam virtudes e também muitos milhares de preconceitos. Se antes pertencíamos a uma cidade, hoje já nos sentimos parte de uma aldeia global e planetária. Se agora eu estou aqui, daqui a pouco estarei na casa de cada um(a), em qualquer cidade e em qualquer país, via rede caórdica e multifacetada de relacionamentos. Parece que, finalmente, cada um de nós se tornou um representante da humanidade inteira.

         E, se aquelas velhas ilusões estão caindo por terra, se algumas certezas estão se tornando em dúvidas, é sinal de que o futuro não existe mais! Mas, não te esquece de que é lá que nós iremos viver! E se a tela da TV, do computador e do smartphone estão te deixando sufocado, então ainda estás aprendendo a conviver com tantas informações que antes não tinhas.

         Esse mal-estar surge apenas quando tu passas a acreditar e armazenar todas as informações que te enviam. O segredo é separar o joio do trigo e ficar apenas com o trigo, pois esse mal-estar é uma ameaça aos nossos sonhos. E sem eles (os sonhos) não haverá o que conquistar!

        Se aqueles que deviam te ensinar a ver e a transformar a realidade estão te iludindo, nós precisamos responder-lhes com ousadia e clareza. E, se mesmo assim, algum tipo de cegueira continuar contaminando as nossas relações de amizade, temos que encontrar um lugar onde a delicadeza, a sensibilidade e a lucidez possam germinar em paz. O fim da mesmice, do egoísmo, da truculência e do conservadorismo depende da ação das pessoas que voam com a leveza de um bando de pássaros e não como folhas soltas no ar.

        E isso vai depender dos valores e da reflexão sobre a essência dos fenômenos, e não daquilo que nos propõem os livros de autoajuda, os manuais para militantes políticos, as mídias tradicionais e/ou os desabafos nas redes sociais. Novas formas de rebeldias poderão surgir se buscarmos a primavera dos nossos sonhos.

        Deixa ecoar pelos cantos da tua casa, da tua cidade, do teu estado e do teu país, uma cultura que reconheça a diversidade das opiniões, das ideologias e das crenças e vais ver a diferença! E, se não conseguires mudar, tenta cantar bem alto, pois o mundo inteiro precisa escutar essa tua nova canção.

        Nunca te esquece de que em tempos de abundância muitas pessoas acreditam que tudo foi obra dos deuses e/ou do seu esforço pessoal, e que na escassez até um gatinho manhoso começa a mostrar os seus dentes afiados. Lembra que a busca por um inimigo externo foi arma encontrada pela Alemanha nazista, depois pelo sionismo e, mais recentemente, pelos milicianos do grupo islâmico Boko Haram, na Nigéria, para encobrir disputas internacionais por fontes de energia e pelo domínio de novas tecnologias. Uma onda de crueldade irá ressurgir sempre que o sistema capitalista entrar em crise e precisar se renovar. A tática dos “gerentes do sistema” é banalizar o mal e incentivar as velhas e conhecidas atrocidades.

         Portanto, no nosso bando, a política precisa ser vista como uma ação saudável e orgânica das pessoas, assim como das suas organizações. Não dá para continuar com aquela “visão limitada”, cujo responsável é apenas o governo de plantão e/ou a oposição. Faz a tua parte enquanto dá tempo, pois um novo tipo de cegueira está contaminando as redes sociais, e muitas pessoas deixaram de voar como um bando de pássaros.