O Terror

(Qualquer semelhança com a nossa realidade não é mera coincidência)

O terror tem muitas faces, mas eu quero refletir sobre três delas, que, na minha opinião, são ações quase invisíveis que algumas pessoas demoram para perceber: o terror cultural, o terror político e o terror econômico. Em geral, esses três tipos de terror agem em sintonia e seguem uma escalada muito bem planejada.

Tudo começa com a banalização da violência e a propagação do medo entre as pessoas. A força bruta é elogiada e massificada, fazendo um claro enfrentamento à nossa sensibilidade e inteligência. Como em alguns filmes norte-americanos, cidades inteiras são ameaçadas por cientistas malucos (sempre eles) que depois é salva por um super-herói ou “salvador da Pátria”. Quem não conseguir ultrapassar a essa fase das histórias em quadrinhos sempre cairá nessas velhas armadilhas. Na sua forma de agir ela se utiliza de algumas “simbologias”, como o diabo, o bicho-papão, o cientista maluco, o Jason, o minotauro o Eduardo Cunha etc., desde que seja capaz de amedrontar uma criança de dez anos de idade e de desprezar a nossa capacidade de raciocínio.

Pior: muitas escolas, igrejas, redes de TV, jornais, blogs, revistas, amigos e famílias (isso mesmo: as famílias!) reproduzem esses valores e essas práticas de terror cultural e psicológico.

Já o terror político tem o objetivo claro de desmoralizar as lideranças políticas, as organizações sindicais, os movimentos sociais e até a própria justiça. Sem dar direito a julgamentos, sem ouvir o argumento dos suspeitos, esses mesmos atores reproduzem as delações, a propagação de boatos, as perseguições e depois as cassações, etcetera e tal. O resto vocês já conhecem muito bem e até onde isso pode nos levar... Se não conhecem é porque não estudaram a história do Brasil e nem a da América Latina. E também não acompanham, ou não querem reconhecer, o que segue acontecendo em algumas regiões do planeta.

Depois dessas duas fases surge um terceiro tipo de terror que é muito cruel: a disputa pelo poder econômico. Por exemplo, quando o Banco Mundial e o FMI (leia-se empresas e banqueiros internacionais) são ameaçados por uma nova ordem econômica mundial, ou quando um país entra numa perspectiva de tornar-se uma grande potência em fontes de energia e também nas áreas da saúde e da educação, aí vem o terror econômico. Ele se usa de todos os meios possíveis para desabastecer as prateleiras dos supermercados, patrocinar greves de caminhoneiros e manifestações contra a corrupção etc. São os próprios banqueiros e grandes empresas nacionais e multinacionais que sempre compraram políticos, sindicalistas etc. que aqora apostam e financiam aquilo que mexe no bolso e na vida das pessoas, principalmente das chamadas “classes médias”, que tem medo de perder o que haviam conquistado.

Quando essas três formas de terror se juntam, um tipo de histeria tomará conta das ruas das grandes cidades, pois pessoas que nunca se importavam com a política já estarão contaminadas pelo ódio e pela banalização da violência.

Dito isso, já dá para perceber que a coisa é bem mais complexa do que uma simples partida de futebol, uma disputa por siglas partidárias e/ou pela religião de sua preferência. E que para acabar com essas ondas de terror não adianta ficar apenas apontando o dedo em riste... É preciso mergulhar no fundo do fundo do fundo, e indicar aqueles caminhos que sejam capazes de garantir a liberdade das pessoas, mas também de valorizar as velhas e as novas conquistas.

Essas ondas de terror somente serão vencidas se pessoas alegres e propositivas também se manifestarem de forma minimamente organizada, reunidas em torno de  pautas claras e objetivas de reivindicações. Como, por exemplo, lutar pelo fim do financiamento privado das campanhas eleitorais (combate a corrupção e a ação dessas empresas que dizem ser contra a corrupção), pelo julgamento dos suspeitos, pelo controle da inflação, pela retomada dos investimentos (para manter e melhorar o nível de vida das famílias) e contra os abusos da grande mídia e dos grupos fundamentalistas, sejam eles de direita ou de esquerda.

Ainda bem que muitas pessoas já vivenciaram ou possuem muitas informações sobre esses “métodos sofisticados de terror cultural, de terror político e de terror econômico. Pois quando começarem a colocar alguns empresários corruptos na cadeia, e não só os políticos, e a grande mídia reagir com desinformação, propagação de boatos etc, é sinal de que está na hora dessas pessoas contribuírem na troca de informações verdadeiras e também na mobilização, mantendo a sua rede de relacionamentos (amigos e amigas) bem informada. Ou seja, é sinal de que o esquema está sendo revelado e que, portanto, quem promove este tipo de terror não nos dará trégua.

P.S. A troca de informações inbox e as postagens endereçadas diretamente para grupos de amigos/amigas serão as armas mais eficazes e ágeis que temos no momento. O desafio passa pela construção de redes maduras, afetivas e orgânicas de relacionamentos, para além da internet.

Texto inspirado no livro História Sincera da República, de Leôncio Basbaum
Ricardo Almeida – Março de 20158

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