Cine Hermes



Nunca canso de lembrar do Cine Hermes. É que a sua história se confunde com a minha infância e também pertence à memória de todos nós fronteiriços.  Além do mais, a vida do Seu Hermes se confunde com a história do século XX, pois ele vivenciou a chegada dos primeiros automóveis e das locomotivas na cidade, e também viu o surgimento do rádio, da televisão, do videocassete, dos DVDs, dos computadores e da internet. No entanto, foi com uma galena que ele acompanhou os horrores da primeira Guerra Mundial. Depois, ainda jovem, assistiu às imagens da segunda guerra nas telas dos cinemas que surgiam na fronteira... Mas agora, misturadas às trapalhadas e aventuras de Buster Keaton, Charles Chaplin, Laurel and Hard e William Boyd.

No ano de 1954, no período pós-guerra, quando as salas de cinema se proliferavam pelo mundo, o Seu Hermes resolveu comprar um projetor 16 milímetros e construir a sua própria sala de projeção. Ele era funcionário do Banco do Brasil e tinha um propósito muito simples: levar a magia do cinema para as crianças e adultos pobres da fronteira. Enquanto os cinemas das duas cidades projetavam Casablanca, E o vento levou..., Amarcord, Psicose, Lawrence da Arábia, Adivinhe quem vem para o jantar e 2001 – Uma Odisseia no Espaço, o Cinema Hermes projetava bons filmes do circuito alternativo e vários seriados da TV norte-americana.

Nos anos 1970 a fronteira Livramento-Rivera chegou a ter oito salas de cinema. Quase todas eram grandes salas... Mas, com a chegada da televisão e com muita pressão da fiscalização local, o Cinema Hermes teve que fechar as portas definitivamente em 1973.

Eis uma homenagem que fizemos para ele e também para inaugurar um pequeno cineminha na Estação Ferroviária da cidade.



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