Perspectivas


Enviado por Miguel Ângelo Dias (Florianópolis)
Há alguns anos, uma pessoa me contou que, por ter sofrido um acidente, teve que mudar sua postura, erguer mais a cabeça, e que isto lhe dera outra perspectiva: que passara a ver as coisas materiais e a vida por outro ângulo. Quando nos olhamos no espelho, nos vemos de frente; se usarmos um jogo de espelhos, poderemos nos ver de perfil e até de costas, visões bem diferentes de nós mesmos. Um objeto pode nos parecer maravilhoso quando visto de um ângulo e horrível, quando visto por outro lado.
E assim é o mundo como o vemos. Numa noite destas, um amigo, comentando sobre os prós e contras da vida, me disse: “As pessoas dizem ‘tudo bem’, ‘tudo bem’ quando nada está bem!” Ele estava coberto de razão, se olharmos por seu ângulo, afinal o mundo não anda nada bem. Agora perguntemos: “Quando o mundo andou bem? Quando foi que se viveu em perfeita harmonia, em perfeita justiça social ou mesmo em consonância com a Natureza?” Se alguém responder que foi antes de o homem surgir na Terra, a resposta não vale, por óbvia. É que o homem veio para revolucionar o mundo, construindo e destruindo. Na mais das vezes, destruindo.
        Falamos do homem como algo à parte de nós mesmos, mas nós, humanos, somos o grande problema e, simultaneamente, a solução; mera questão de perspectiva. Ver que as coisas não estão bem, é bom; ficar sempre olhando por este lado, já não é tão bom assim, pois nos consome inutilmente, nos impedindo de ver possíveis soluções.
Otimismo?
        Para o pessimista, o mundo é mau e não tem solução; o ingênuo otimista vê fácil solução para tudo. Para que algo possa ser feito para se melhorar o mundo, temos que abarcar muitas perspectivas do Universo que nos cerca, adotar uma visão holística; temos que ser realistas: lidar com possibilidades e não com certezas. A visão pessimista nos torna egoístas; o otimista age como tolo: ambos são, ao fim e ao cabo, destruidores. Quem pode construir algo é o realista, que aprende a negociar com o meio, aceitando o inevitável, mas pondo sua energia em ação com o intuito de só tentar modificar o modificável.
        Focar o passado só é válido se o fizermos para aprender algo; para o futuro, só adianta olhar se estivermos plantando alguma coisa. Vivamos bem o agora, semeando o respeito e a paz, pois, por utópico que isto possa parecer, sempre estaremos aprimorando o mundo, pelo menos à nossa volta.

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